segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Amor....


(Foto de Serenidade)

Meu amor, quero falar-te. Sei que me ouvirás, me dirás teu sincero parecer, porém, tens a proeza de não me magoar com tuas palavras, meigas e serenas, mesmo que de assuntos fortes tratemos. As fortalezas dos castelos imperam ao meu redor, é ver a envolvência no meu coração. Tanto anseio guerrear, como baixar as armas e me afastar. Ir para longe, num lugar onde seja uma incógnita de uma equação com sentido, onde o infinito seja a solução, e assim, a vida perdure na subtileza de um existir expressivo. Sinto-me esmagada por forças não conhecidas. Serei eu, na subtileza de me depreciar, que me estarei a sobrecarregar? A tensão, sinto-a por todo o corpo e em todo o lado em que vou. Apenas neste momento, liberta, me deixou. Me dirás: “não tens razão para assim te sentires, vê a tua vida! É serena e harmoniosa, não um constante alvoroço insidioso”. Tens razão! Percepciono essa veracidade, mas então diz-me: porque sinto eu este fardo, similar à carga de claustros que tenho de arremessar, pós derrocada, provocada por um sismo que se encontra constantemente sob meus pés? Apenas quero continuar a sentir a plena harmonia, fazer-te feliz, quero que sintas plena alegria, de ao meu lado estares, de na vida serenamente navegares e teus fardos ajudar a carregar. Com tudo o que te dou te sintas afortunado mesmo que materialmente nada tenhas, mas por seres feliz na vida que desejas. Obrigada, meu querido, és a minha alegria, estás na minha vida. Mesmo que pesarosa pareça, tudo é facilitado pela tua presença, que me faz sorrir, por entre as lágrimas que rolam na distância, por entre os abraços dados na tua comparência. Obrigada pelo rascunho de vida até ao momento elaborado, por mim, muito amado. Obrigada pelo personagem maravilhoso que tens sido, mesmo quando os papéis a interpretar são difíceis. Obrigada pela vida que me fazes viver, é a mais maravilhosa que poderia querer.

sábado, 1 de novembro de 2008

Dias vadios

In Estação de S. Bento - Porto
(Foto de Serenidade)


Olho para um lado e para o outro, à direita e à esquerda, posso até rodopiar, mas o observado é o mesmo, a revolta no olhar. Rodopio na dança dos dias, que correm e passam impondo a alegria. Tudo à minha volta é belo! Tudo à minha volta é o certo! Tudo é perfeito! Meus olhos vêem-no, meu coração sente-o. Só minh’alma reclama, pela atenção depreciada que me dou, na correria dos dias, no fugir dos sentimentos vadios! Dói a dor que não vejo. Revolto-me com o que não consigo entender. E na procura de expelir o que não conheço, encontro o desentendimento na voz que não me mente. Divago entre a luminosidade, na obscuridade procuro a caridade, de um berço que me ampare, de um colo que me agasalhe. Hoje vi meu corpo agir feito autómato, minh’alma ficou atónita, sem força para agir e contrariar o que não é de si. Olho à minha volta e não vejo o que queria ver. Observo os robots que nos tornamos, obedecendo a ordens, não fazendo o que mais nos compete: ser feliz, amar e para sempre divagar, entre pedras roladas felizes e enamoradas, pelo amor que sentem por si e por quem vai até si. Rodopio na dança vadia dos dias, passando por entre uma serena briga. Luto entre o autómato que sou e a alma que por instantes se aprisionou.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Feito de luz e amor


(Foto de Serenidade)


Dispo-me de conceitos e pré-conceitos. Inverto a ordem do tempo, voo entre as águas tormentosas, deixo-me ir ao sabor da maré. Não contrario os preceitos que a mim chamei. Sou barco a remar a rés. Retiro o invólucro que me vestiram, de medo, ressentimento e culpa feito. Arremesso-o contra o forte que é o castelo desmoronado, do conto de fadas deteriorado. E, do nada, despida do que fui, vou ser o aprendiz, o instrutor e o executor da indumentária mais sublime de todos os tempos. Chamem-me sonhadora! Chamem-me idealista! Podem pensar e até ousar impedir-me de construir o mais excelso palácio. Vou seguir o meu coração, o meu sentir e minha alma. Vou espalhar o que sou. Vou dar o que sempre quis receber e recebo. A razão da minha vida. Vou, simplesmente, construir um palácio repleto de luz e amor.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Não sei


De frente ao teclado, permaneço num tempo que custa a passar. A intenção? Nem boa, nem má! Apenas redigir o que sinto, o que gostava de partilhar mas, as ideias não vêm, nem vão! Permaneço num estado de inércia activa. Apenas a rotina diária se comove e me orientada pela vida contrariando o meu querer. O querer de deixar que o exterior me oriente, que o exterior seja o motivo da minha subsistência. Quero! Quero ser livre dessa materialidade necessária. Quero viver comigo, amigavelmente, serenamente, sem que a matéria em meu redor me adorne de tudo o que preciso, sem precisar. O meu ser me guia para longe desta disciplina que me consome, que não me apraz. Procuro entre as vielas repletas de gente tão igual, tão diferente. Divago entre as páginas de livros que me levam para longínquos lugares, onde me encontro a representar essa história. Percorro os caminhos, nem claros, nem sombrios, destas teclas iludindo-me com a pretensão de terem a solução. Demando meu corpo realizar tarefas, supostamente as ideais, para se sarar, mas logo de seguida, aniquilo qualquer benefício retirado com acções coléricas, que vão de encontro ao ser que quer regeneração.
Não sei o que quero escrever, apenas que não posso contrariar o meu querer. Se nada fluir, há que aguardar o tempo apropriado para o fazer…

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Volúpia da corrente serena


(Foto de Serenidade & Retalhoz)

Resignada às circunstâncias da vida, deixo-me fluir nas vagas que me arremessam para lá do meu querer. Fluo entre as marés calmas e as tempestades intempestivas que me arremessam para longe. Permaneço no desconhecido, reconheço o que sempre fui e que nunca vislumbrei ou, talvez, nunca permiti reconhecê-lo. As intempéries vêem e vão. Ora uma tempestade embala o canastro preenchido. Ora a serenidade prevalece como um rio que flui sem rochedos.
Os vendavais são recorrentes. Será que as estioladas flores as sentem? Será que o corpo ornado de pura doçura permite-se exteriorizar essa tormenta?
Analiso a volúpia da corrente serena. Examino os obstáculos que se dissipam na postura resignada, sem resignação. Disseco a flor que existe em mim, descubro que, além de espinhos, existe a maravilha da permanência calma no milagre desta existência, no agora.
Planeio desfrutar de cada milésimo de segundo. Viver a serenidade em cada momento seguro, ou não! Viver sem medo da tempestade, sem medo da serenidade.
Viver sem querer que a tempestade passe. Esperar a sua passagem. Permanecer na preguiça da luta. Pós tempos de quietude, inquieta, colher os frutos. Poucos ou muitos permitirão que semeie a robustez do riso, possuir uma colheita vigorosa de proveitos de longevidade duradoira.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Poderá o amor dissecar uma flor?


(Foto de Serenidade)


Vermelhas, de paixão; amarelas, sem inacção; brancas, na sua pureza; rosas de singeleza…. Mil e uma cores possuem. Mil e uma maneiras há de as observar. Muitas mais existirão para as admirar.
Como poderia meu coração colhê-la, se ela é a vida que há em mim?!
Como poderia minha mão ceder, a fragilidade humana do querer ter egoisticamente, exclusive para usar o domínio, a soberania, momentânea, de usufruir da sua singela perfeição em minha mão?!
Como poderiam meus olhos felicitar-se no sucumbir da sua formosura. Fitar a agonia diária, os instantes de martírio, o perecer de suas células ávidas do alimento enviado pela Mãe Terra, incapacitado de alimentar sua filha, usurpada!
Poderia eu, alimentar o lenho, alimentado pelo mesmo alimento que me alimenta?
Como poderia eu, ter a ousadia de querer possuir um Ser belo e perfeito, um Ser que se conhece na perfeição e contempla o Todo como sendo ele próprio, nada sentindo como distinto ao seu próprio Ser?
Poderei ter a ousadia de a descrever, se… em relação à minha pessoa existe uma incapacidade constante de me olhar ao espelho, olhar-me nos olhos, descrever-me tal e qual sou, tal e qual sei que sou!
Poderia eu ter a audácia de a perpetuar no pergaminho que adorna as paredes do meu quarto, se o retrato que observo, como sendo a minha pessoa, nada me diz acerca do que sinto, agora, que sou?!
Elejo a via da contemplação. Caminhar, serenamente, entre o vigor de seus caules esguios. Sentir a beleza imanada por cada um destes seres afins. Ouvir as suas suaves vozes clamarem a alegria de viver. Proferir-lhes o Amor que me transmitem, a harmonia que remetem sem selecção, a paz que fazem sentir no Homem, no seu coração.
Opto por ver-te em mim. Ver o teu ser com os olhos da minha alma, que nunca será fiel à tua real formosura, mas que me permite sempre ter-te em mim, nunca me separar de ti, sermos Unos na unidade que é a vida e seu fluxo constante de energia.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

É o Amor




(Para ouvir, parar a música do blog, no fim da página)

domingo, 1 de junho de 2008

Dança do Amor

(imagem retirada da net)

A música principiou a um ritmo melancólico, o coração transformou-se num músculo em tensão, pequenino, mas repleto de emoção…na ânsia de sair, viajar e até ti se direccionar. Contigo bailei, ao ritmo da melodia que não era mais que a nossa sinfonia. Pegaste na minha mão, cumprimentaste-me amigavelmente com um suave baixar da cabeça, um sorriso afectuoso, um toque na minha mão que me fez arrepiar de emoção. Aceitei entrar na dança da ilusão e contradição em que me envolveste até ao âmago da minha alma. Viajei no rodopio dos nossos corpos. Divaguei pelas tuas emoções, inquirindo-as: “são correspondentes às minhas?” vi-te a teatralizar a dança da nossa vida, pois que nada mais existia se não eu e tu. Voei nos teus braços, segurei-me aos galhos fortes, tremia pelo temor do engano. Estaria a sonhar? Os cabelos esvoaçavam, contemplava teus olhos através da cortina que eram meus cabelos, que tocavam ao leve teu rosto harmonioso e sorridente. O olhar que me lançavas de soslaio enfeitiçava-me. Meu corpo deliciava-se pelo toque suave e firme das tuas mãos que esquecia da consistência do chão que pisava e voava pelo ar que o rodeava. Teu cheiro inebriava-me e a magia pairava no sopro que era o teu respirar. O vestido escarlate voluteava pelo corrupio que fazia meu corpo delirar e minha mente esvaziar… esqueci que necessitar de ti era ilusão, na contradição de pareceres que me fazias acreditar sentir… um exímio actor que dramatizou a minha existência transfigurando-a num acto ilusório de contradança. Tu, o artista. Eu a espectadora na ânsia de um final feliz contemplar, cansada de infelizes desenredos. Observadora da peça em que me envolvia, na dança em que te tinha, nos meus braços possuía-te, no meu âmago sentia-te. Senti que precisava de ti para o baile de finalistas, na despedida que era eu sem consciência que nunca te teria, nem de ti precisaria. Sinto agora que brincas-te com meu corpo, coração e alma. Dolente do esforço de acreditar na tua dança. Consciência aflorou, vi o negro que não queria ver, a hora de ver a dança terminar chegou, tu a partir, eu no desalento ficar. Não necessito de ti, vai e escreve tua peça, deixa-me de fora do baile do engano, quero realidade, certeza do ser quem comigo dança… Mas… Necessito de ti ao meu lado, contigo, sinto-me muito amada. Preciso que, em cada um dos nossos mundos, continuemos a dança do nosso amor, que aflora a cada momento com muito fervor.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

És meu Sol


Reclamo por ti ao meu lado. És o Sol dos meus dias. A Lua da noite escura que teima em perdurar e na tua ausência me inquietar as emoções em sobressaltos e desvario. Preciso de ti em Mim, sentir teu e meu corpo em lava ardente transformados pelo calor do êxtase de um amor tanto tempo afastado. Os fluidos dos nossos corpos se misturarão, o suor de um se fundirá com o do outro perfazendo um rio de sinuosas margens que deslizará por nossos corpos desnudos de preconceitos. Tua seiva percorre as artérias de galhos finos que te acolhem em mim, sem querer que saias de mim. És a luz que ilumina o cárcere desacreditado do enlevo que é o Amor. Desejos imemoriais agarram a imagem que em mim tenho de ti. Estás em mim mesmo sem te ter. Um dia, para sempre serás minha sem ter de te prender. Aprisionada a mim estás, qual vinca que envolve a tronco mais robusto da Amazónia, sou orquídea que se alimenta do teu lenho, meu nutriente. Anjo que me amparas nos dias luzidios e escorregadios. Velas comigo o batel de débil envergadura, nesta senda que é nossa e que muito perdura. Para lá do tempo mundano, em cortiços aprisionados, vejo-nos unos no infinito, de luz recobertos … tão luzidios! Círio que és, em Mim se recriou, a tua luzidia alma eternamente comigo ficou.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Viagem d'alma

(Foto de Serenidade)

Jornada iniciada para o lado de lá das gentes, tão iguais, tão diferentes, língua afim, diferente utopia da vida em sinfonia. Vivem com ânsia de viver não fosse essa sua ousadia. Na tentativa do encontro tão esperado, ansiado, amor fertilizado com afecto, regado com a água mais pura que um dia poderia jorrar da fonte que eram olhos puros … inocentes, que na ilusão viviam para te ver ao pé de mim … um dia.
Viagem atribulada, sentimentos agitados que sobressaltavam e inquietavam a cada frágil passada, cada solavanco do avião, cada balanço do autocarro que até Ti me levava. Longo trajecto, breve estadia, com o confronto que era Eu na ausência de Ti. Sítio único em harmonia com o ser que era Eu na falta de Mim, mal sabia que eu estava em Mim mesmo sentido-Te ali, em cada pedaço de célula vegetal, animal, molécula complexa, composta de átomos de hidrogénio e oxigénio; não Te sentia em Mim, muito menos ali.
Contemplando a imensidão de água salgada que me aquietava o coração, orei para Te encontrar em Mim, que me tinha perdido por não saber de Ti. Livro como companhia aquietava o coração destroçado, procurando elucidações plausíveis para o desencontro no colorido e enjeitado atalho, amaldiçoado por Mim que nele me desencontrei de ti e de Ti.
Desvio da rota fez-me desacreditar na Vida, no Deus que existe em Mim, que em nós reside e nos ilumina. Lá, repousei, reflecti e na minha sabedoria me encontrei. Voltei a Ti, para contigo viver e para sempre te Ter em Mim, que de mim nunca te ausentaste, mesmo que na amargura de escassos ensejos que te amaldiçoei pela vacuidade em Mim, Te senti a milhas de distância, sem lobrigar que estavas em Mim, como te poderia avistar? O meu reencontro comigo… Contigo… trouxe-Te, trouxe-o até mim, até à minha senda … Lá gostaria de ter deixado as mágoas de tempos vividos sem precisão … extravios de querenças e anseios impetuosos de um querer agora, sem saber esperar pelo Mel que viria… experimentei o fel da terra árida para ter o Mel da maresia suave e aromática que acalenta o coração repleto de amor único e puro… só para ti, deus que acalentas o coração, hoje sereno, espera dar-te tudo o que tens direito.

sábado, 1 de março de 2008

Colhendo o Amar


Ceifeira que ceifas o trigo maduro, pelo alimento deitado à Terra e o Sol que reluz lá no alto do pedestal. Vês o meu amor e eu cá em baixo apenas trabalho a materialidade de uma cegueira vã, inexistente! É só olhar e ver o que os olhos teimam em não querer ver. Vêem o mar ao longe, o veleiro e o sereno velador, ou será uma tela transmutada em realidade de dor?! Colhe-se o trigo, apanha-se o peixe, apodero-me de um beijo em meu rosto definhado. Ilusória sensação de safra sadia, és amante da contradição, vivendo aparente harmonia. Entre a Terra e o Mar, vagueias pelo Universo, nos sonhos de menina, encontras o imerso. Querendo emergir, aflora à consciência, cavalga em pensamentos, têm-te como tola, tudo de aparência. Falas do que não deves, da colheita e da sementeira, não te inibes nas palavras quando o coração de luz se enaltece. Não é preciso muito para que isso aconteça. Um chilrear juvenil no ninho maternal. Um regato alimentando seu (a)mar. Uma onda matreira que a molha sem que queira. Uma gaivota a esvoaçar ao encontro do seu lar. Uma flor a empurrar a terra, ressurgindo depois do descanso merecido. Uma rosa com seus espinhos evidenciando sua beleza com carinho. A terra a gemer de emoção e a exalar o calor do coração. O céu a chorar de convicção … a Humanidade está a acordar, tamanha é a emoção! Colhendo o que semeia, a todos advém. A ceifeira nas searas, o pescador no mar, o Homem no seu amar.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Ninfa?




Entra, qual sereia, no mar de água salgada, adocicada, não é fria, nem quente, está à temperatura ambiente. Passeia por esse mundo que também é seu, observa a imensa riqueza das criaturas a aparecer. Os peixes rodeiam seu invólucro, os golfinhos começam a convidar, para uma viagem profunda, no seu dorso navegar. Observa os corais, as anémonas, os arrojados seres nadadores, que a olham de soslaio “mas quem é este ser anormal? Será sereia, uma fada, uma nova espécie ou uma nossa afim? Humano não será certamente, eles não nos tratam assim!” E una com a energia que a embriaga, com os seres de corpos filiformes, ou nem tanto assim, fica pelo contentamento de se sentir tão igual. E retoma a outra forma de ser, a outra forma de sonhar, por vezes pesadelo. A separatividade humana é tão triste, é a sua vida no momento! Tal como no nascimento e na morte somos sempre, só, actores solitários.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Fonte imortal




Prado de erva verde, reluzente… como os teus olhos que lá ao longe me olham sem os poder ver, fresca pelo orvalho da manhã que prolongou as suas carícias. Ao fundo um bosque denso, ou nem tanto, mas que importa, não é para lá que ela, serenamente, se dirije, apesar de sentir que a observam atentamente e analisam todos os seus passos e, quem sabe sentimentos! Ouve o regato, licor dos Deuses, da Vida, que pulsa em cada um dos seres, errantes viajantes com rumo incerto!? Ou será que preferem a ausência de visão para observar o rumo escolhido por si mesmos? Pois é! Enfim, cegueira pretendida para ofuscar o óbvio, o que está bem na frente dos olhos e…
O magnífico campo está bem na sua frente, apetece-lhe sentir a frescura e macieza da relva… deita-se, após um pedido de permissão àqueles seres excelsos, inspira profundamente, atenta a tudo ao seu redor. Sente o cheiro da frescura da terra húmida pelo relento que o sol alto não evaporou e que faz questão de a amar, a cada segundo, antes de partir para uma viagem de retorno. O suave perfume dos malmequeres amarelos que, aqui e ali, deixam seu rasto, marcando afincadamente sua presença. Sente o toque das folhas paralelinérvias que docemente acariciam seu pálido rosto, rosado pelo Sol que acalenta sua face, seu corpo inerte, que deambula por todo este espaço acolhendo em cada uma das suas células os mais ínfimos detalhes. Ouve o chilrear dos pássaros, o zumbido dos insectos, o estalar dos galhos que baloiçam pela envolvencia do sopro da brisa. Ao longe, ouve-se a água a percorrer o seu trajecto rumo ao seu fado. Fado?! Qual o seu vaticínio? Singela criatura, tão feliz, com tão pouco! Felicidade conseguida nas múltiplas viagens pelo seu mundo, onde ninguém a vê e todos a compreendem, onde os dois se tornam num, onde a Unicidade é alcançada e… os segredos desvendados, os mais ansiados, os que preferia nem saber! Sente-se a subir, mas! Para onde? Lá, não há mentira, apenas verdades, duras, por vezes. Lá, os sentimentos continuam mesclados, não se discernindo a cor final da amálgama de cores primárias escolhidas para pintar a tela mais bela que poderia existir! Não se preocupa, se não os entende. Há-de entender! Os que vêem da alma são os que a vão orientar e indicar o seu verdadeiro fado, tal como o destino bem definido do regato que ouve lá ao longe. O vento sopra cada vez mais forte, um ambiente mágico, tal como a chuva de raios de um Sol tão luminosos que cega seus olhos cerrados. Sente, não entende, o que escurece é a cegueira do que não se quer ver. Corre, sem tempo para sentir o cansaço e cai, novamente, para mais uma vez se unir á Terra Mãe e se elevar até à Unicidade do Universo. Que bom que é!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

...




...QUE NUNCA CAIAM AS PONTES ENTRE NÓS...
...

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Flor amputada





Jovens, apaixonados, sua senda projectavam passo a passo. Tão belo seu sentir, tão bonitos seus sonhos para um dia, de muitos dias que hão-de vir. A primavera avizinha-se e com ela a explosão da madrugada em flor, após a dormência das sementes, a reparação das reservas, o abrigar alimento para o emergir de novas vidas, novas experiências materializadas, novas sendas a serem luxuriantemente erigidas, contempladas e abençoadas. A mãe natureza, com sua magnificência, tudo harmoniza. Os filhos derradeiros acolhe como os primeiros. Os amantes prolongam paradas nupciais, para além do tempo que não é mais que uma ilusão da passagem do dia, após noite, após dia. E, neste tempo, que fantasiam não esgotar, amam-se como se fosse a última vez. Da magia resulta a mágica fórmula alquímica … das criaturas um ser se gerou. No ventre, de muito amado, logo foi dilacerado e os criadores separados. Os céus encheram-se de lágrimas, de trovoada assaz assustadora. Os deuses amaldiçoaram a separação dos amantes, o termo de uma alma. Não viu o Sol raiar, não viu o ciclo lunar. Sentiu os prantos da fonte. A dor desesperada do gerador. A angústia da separação brutal dos jovens apaixonados, desejando a alma num débil corpo acarinhar. Uma flor que não floriu, numa Primavera que tudo tinha para muito fazer sorrir. A excisão definitiva de três almas. suas vidas retomaram por trilhos de uma Primavera tímida e bela. As flores voltam a florir, pós Invernos penosos, de tempestades assombrosas. Veredas dispares, com sua beleza particular. Nunca mais se viram, nunca mais se ouviram. As estações ciclicamente continuam. Os seus trilhos passeados, ladeados por novas flores, prontas a florir…

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Retalhos


Colhendo as pedras e os diamantes nas veredas da senda que se almeja luzidia