domingo, 17 de fevereiro de 2008

Fonte imortal




Prado de erva verde, reluzente… como os teus olhos que lá ao longe me olham sem os poder ver, fresca pelo orvalho da manhã que prolongou as suas carícias. Ao fundo um bosque denso, ou nem tanto, mas que importa, não é para lá que ela, serenamente, se dirije, apesar de sentir que a observam atentamente e analisam todos os seus passos e, quem sabe sentimentos! Ouve o regato, licor dos Deuses, da Vida, que pulsa em cada um dos seres, errantes viajantes com rumo incerto!? Ou será que preferem a ausência de visão para observar o rumo escolhido por si mesmos? Pois é! Enfim, cegueira pretendida para ofuscar o óbvio, o que está bem na frente dos olhos e…
O magnífico campo está bem na sua frente, apetece-lhe sentir a frescura e macieza da relva… deita-se, após um pedido de permissão àqueles seres excelsos, inspira profundamente, atenta a tudo ao seu redor. Sente o cheiro da frescura da terra húmida pelo relento que o sol alto não evaporou e que faz questão de a amar, a cada segundo, antes de partir para uma viagem de retorno. O suave perfume dos malmequeres amarelos que, aqui e ali, deixam seu rasto, marcando afincadamente sua presença. Sente o toque das folhas paralelinérvias que docemente acariciam seu pálido rosto, rosado pelo Sol que acalenta sua face, seu corpo inerte, que deambula por todo este espaço acolhendo em cada uma das suas células os mais ínfimos detalhes. Ouve o chilrear dos pássaros, o zumbido dos insectos, o estalar dos galhos que baloiçam pela envolvencia do sopro da brisa. Ao longe, ouve-se a água a percorrer o seu trajecto rumo ao seu fado. Fado?! Qual o seu vaticínio? Singela criatura, tão feliz, com tão pouco! Felicidade conseguida nas múltiplas viagens pelo seu mundo, onde ninguém a vê e todos a compreendem, onde os dois se tornam num, onde a Unicidade é alcançada e… os segredos desvendados, os mais ansiados, os que preferia nem saber! Sente-se a subir, mas! Para onde? Lá, não há mentira, apenas verdades, duras, por vezes. Lá, os sentimentos continuam mesclados, não se discernindo a cor final da amálgama de cores primárias escolhidas para pintar a tela mais bela que poderia existir! Não se preocupa, se não os entende. Há-de entender! Os que vêem da alma são os que a vão orientar e indicar o seu verdadeiro fado, tal como o destino bem definido do regato que ouve lá ao longe. O vento sopra cada vez mais forte, um ambiente mágico, tal como a chuva de raios de um Sol tão luminosos que cega seus olhos cerrados. Sente, não entende, o que escurece é a cegueira do que não se quer ver. Corre, sem tempo para sentir o cansaço e cai, novamente, para mais uma vez se unir á Terra Mãe e se elevar até à Unicidade do Universo. Que bom que é!

4 comentários:

A Professorinha disse...

Um texto magnífico... adorei!

Beijos

Joseph 1 disse...

Carla
Olá

No dia dos meus anos, ler um post tão bonito quanto este, é um prazer e uma alegria enorme.

Comovidamente, agradeço-te teres escrito esta prosa...

Beijinhos serenos**;)

Twlwyth disse...

Fazer Amor com a Natureza. :)

Essência da Beleza.

beijo

Cristiana Fonseca disse...

Olá que espaço lindo, adorei-o , vou voltar sempre
Beijos
Cris
meu blog é http://cristianafonseca.blogspot.com/