segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Flor amputada





Jovens, apaixonados, sua senda projectavam passo a passo. Tão belo seu sentir, tão bonitos seus sonhos para um dia, de muitos dias que hão-de vir. A primavera avizinha-se e com ela a explosão da madrugada em flor, após a dormência das sementes, a reparação das reservas, o abrigar alimento para o emergir de novas vidas, novas experiências materializadas, novas sendas a serem luxuriantemente erigidas, contempladas e abençoadas. A mãe natureza, com sua magnificência, tudo harmoniza. Os filhos derradeiros acolhe como os primeiros. Os amantes prolongam paradas nupciais, para além do tempo que não é mais que uma ilusão da passagem do dia, após noite, após dia. E, neste tempo, que fantasiam não esgotar, amam-se como se fosse a última vez. Da magia resulta a mágica fórmula alquímica … das criaturas um ser se gerou. No ventre, de muito amado, logo foi dilacerado e os criadores separados. Os céus encheram-se de lágrimas, de trovoada assaz assustadora. Os deuses amaldiçoaram a separação dos amantes, o termo de uma alma. Não viu o Sol raiar, não viu o ciclo lunar. Sentiu os prantos da fonte. A dor desesperada do gerador. A angústia da separação brutal dos jovens apaixonados, desejando a alma num débil corpo acarinhar. Uma flor que não floriu, numa Primavera que tudo tinha para muito fazer sorrir. A excisão definitiva de três almas. suas vidas retomaram por trilhos de uma Primavera tímida e bela. As flores voltam a florir, pós Invernos penosos, de tempestades assombrosas. Veredas dispares, com sua beleza particular. Nunca mais se viram, nunca mais se ouviram. As estações ciclicamente continuam. Os seus trilhos passeados, ladeados por novas flores, prontas a florir…

3 comentários:

Black Rose disse...

... e o Amor para sempre irá persistir.

Plum disse...

Olá!Obrigado pela tua visita à Terra da Magia!!!Volta sempre!Abraços!***

Twlwyth disse...

Um belo jardim de palavras muito triste, mas que cultiva a Esperança através da essência do despontar de novas flores.