sábado, 1 de março de 2008

Colhendo o Amar


Ceifeira que ceifas o trigo maduro, pelo alimento deitado à Terra e o Sol que reluz lá no alto do pedestal. Vês o meu amor e eu cá em baixo apenas trabalho a materialidade de uma cegueira vã, inexistente! É só olhar e ver o que os olhos teimam em não querer ver. Vêem o mar ao longe, o veleiro e o sereno velador, ou será uma tela transmutada em realidade de dor?! Colhe-se o trigo, apanha-se o peixe, apodero-me de um beijo em meu rosto definhado. Ilusória sensação de safra sadia, és amante da contradição, vivendo aparente harmonia. Entre a Terra e o Mar, vagueias pelo Universo, nos sonhos de menina, encontras o imerso. Querendo emergir, aflora à consciência, cavalga em pensamentos, têm-te como tola, tudo de aparência. Falas do que não deves, da colheita e da sementeira, não te inibes nas palavras quando o coração de luz se enaltece. Não é preciso muito para que isso aconteça. Um chilrear juvenil no ninho maternal. Um regato alimentando seu (a)mar. Uma onda matreira que a molha sem que queira. Uma gaivota a esvoaçar ao encontro do seu lar. Uma flor a empurrar a terra, ressurgindo depois do descanso merecido. Uma rosa com seus espinhos evidenciando sua beleza com carinho. A terra a gemer de emoção e a exalar o calor do coração. O céu a chorar de convicção … a Humanidade está a acordar, tamanha é a emoção! Colhendo o que semeia, a todos advém. A ceifeira nas searas, o pescador no mar, o Homem no seu amar.