terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Pedaços de chão

(Foto de Serenidade)



Percorro cada pedaço de chão na procura do teu abraço. Fico feliz por sentir que posso contar contigo, na alegria e na tristeza. Sei que independentemente do meu estado permaneces ao meu lado de forma imparcial. Não preciso de te fazer rir ou de te dar o que gostarias de receber para me aceitares ao teu lado e me acarinhares de igual modo. Há dias, como hoje, que a dor aflora sem saber de onde, muito menos o motivo! Ou, se o motivo sei, não o deveria sentir! Sei-o! Sinto esta ambivalência em mim e sei que me achas tola… Mesmo assim sei que me amparas nos teus braços como se de uma ave sem ninho se tratasse. E, efectivamente, é assim que me sinto, às vezes! Uma ave que não sabe para onde voar, sem ninho para ser recebida calorosamente, sem um pedaço de chão onde poisar, sem um porto de abrigo consistente. Há uma Fénix aprisionada que não sabe como se soltar! Tu sabes que sou uma bonita ave, forte, perspicaz e astuta de uma beleza rara aos olhos de muitos, mas não tão rara assim para os que conseguem ver para além do que a maior parte do comum mortal consegue percepcionar. O que precisará a Fénix para se soltar? Para exteriorizar a sua extraordinária beleza e, com isso, voar livremente nos caminhos que a levam ao paraíso. Enquanto não há Fénix existes tu, que me acolhes em teu regaço sem julgamento. Não apontas o dedo para as minhas ânsias, nem minhas angústias, percebes que tudo é o que é! O que sinto nada é mais que a minha realidade, percepcionada pelo que sou, pela ilusão do que sou e do que sinto! Porque o que sinto é ilusão e sei-o, como sei que é isso que me dizes sempre que me aconchegas perante a minha ausência de fôlego, quando banhada na água salgada que salta da fonte sem que eu tenha dado permissão! Na procura do teu abraço, cada pedaço de chão que piso, está escorregadio e, deparo-me de frente com a queda no abismo ilusório da solidão, rejeição, desorientação e desamor! Careço do meu/teu abraço, da tua mão, para que as veredas passem a ser luminosas e os trilhos mais fáceis de trilhar e dessa forma construir um ninho sólido e luminoso onde seja bom estar e permanecer.




"Quando alguém encontra o caminho, não pode ter medo. Precisa de ter coragem suficiente para dar passos errados. As decepções, as derrotas, o desânimo, são ferramentas que Deus utiliza para mostrar a estrada."


in Brida de Paulo Coelho

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

a tua melodia

(Foto de Serenidade)





O teu som contagioso e ritmado é melodia que me deixa embriagada de serenidade, no entanto, há outras que te substituem e me acariciam a alma. Tem aportado no meu ouvido, como um pássaro em seu ninho, uma vibração sonora recebida no meu coração como uma belíssima aurora. Tem cores azuladas e rosadas, como se de um arco-íris se tratasse. Faz vibrar o coração, como no princípio de uma paixão. Lembraste do dia em que, sem te ver, senti-te em mim? Fizeste explodir uma onde de uma energia tão forte como se o meu corpo fosse um bonito balão festivo a rebentar de tanta alegria. Recordas-te dos momentos em que, ao teu lado, passeie de mão dada com o amor, com um sorriso de paixão. Tal como a tua melodia serena ou agreste, de ritmo sereno ou em compassado apressado, a que te falo, que tem feito companhia, em todos os momentos incluindo os de tola agonia, permite-me viajar até ao mais ínfimo pormenor do meu sentir. Dissecar a dor e a alegria e retirar de ambas o que tem mais valor. Deixa a descoberto o que está entranhado nas profundezas de mim, e que há algum tempo não deixo sair. O que não tem visto a luz do dia, seja uma dor temida ou a alegria de me sentir viva. Este som contagioso deixa-me logo em alvoroço. Desde o batimento ritmado do teu coração à melodia embriagante que entra em mim e me faz vibrar de emoção.






"A beleza pode abrir portas, mas somente a virtude entra."

Provérbio Inglês