sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Folha em branco


(Foto de Serenidade)




Abri uma folha em branco. Nela quero inscrever o meu sentir que teima em não se exprimir. Está encurralado por altos muros com alicerces bem fundos. Não que esteja obscurecido pela ausência do amor! Sente-se apenas ofuscado pelo cansaço e dor. A dor começa a dispersar como fumo. O cansaço ganhou raízes profundas.
Preciso inscrever com tinta colorida o meu sentir, voltar, com frequência a sorrir. Sentir o ânimo dos primeiros raios de Sol que, sem pedir, iluminam nosso dia. Aconchegar-me ao manto de estrelas e desfrutar do descanso quando o dia finda.
Necessito conhecer o meu sentir! Devido à dimensão da tempestade, não consigo reconhecer o actual estado. Não sei descrever a temperatura, nem reconhecer o motivo pelo qual ainda cai chuva. Por vezes a temperatura volta a descer, as nuvens a aparecer mas apenas na mente que constantemente mente, não no céu azul que, hoje, é luzidio e bem evidente.
A folha permanece branca. Não que não queira unir as letras em alegres vocábulos, simplesmente sentem-se anestesiadas pelo cansaço e a mão teima a manter-se estática, rígida perante a sede de palavras de bem-aventurança que todos queremos ler e preencher nosso lado esquerdo, novamente, de esperança.




"Nós somos a soma das nossas decisões"
- Woody Allen -