sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Ao teu encontro...


(Foto de Serenidade)


Ontem fui ver-te, tinhas o olhar amedrontado e era bem evidente a revolta interior em que te encontravas. A minha intenção era apaziguar o meu corpo de dor, penetrar no teu sereno olhar e transfigurar o meu aperto em calor. Ia contar-te que o que mais me aproxima de ti tem-se sentido enfurecido, tal como se estivesse em ebulição constante. Queria perguntar-te o que achavas desse estado agitado, que conselho me daria para ver minhas imperfeições sarados. Quando à tua beira ancorei meu canastro, senti que mais haveria de comum entre nós. Não apenas os fluidos que se atraem, mas também a sintonia do sentir. Estavas revoltado, agitado, magoado! Não consegui falar-te do meu sentir, analisei que era premente apenas ouvir. Analisei a violência do teu tumulto e o temor que todos à tua voltam sentiam. Ninguém conseguiu, devidamente escutar-te, apenas julgavam teus actos de dor, pensando que eram um hábito de um constante actor. Escutei tua lamentação, tua dor e senti compaixão. Tanta dor anda à solta no mundo. De tanta ilusão andamos preenchidos. Por quem estaria a sentir compaixão? Estavas a ser o meu espelho, na perfeição.
Ontem, permaneci junto de ti. Senti em duplicado o teu sentir. Não consegui auxiliar-te, apenas permanecer ao teu lado e, na nossa dor, acompanhar-te.

"Tinha sido ela, com seu carinho e alegria, a grande responsável por ele ter encontrado, de novo, o sentido da vida."
Paulo Coelho in Brida